Entrar nesse clube é fogo. A porta é estreita e o leão-de-chácara ruge.
Acomodado não entra, conformado não passa. Abúlicos e submissos? Esqueçam. Minha carteirinha falsa já foi desmascarada na hora do vamos ver. Nem tentem. O Clube dos Descontentes expulsa o senso comum. O clichê é enxotado a pontapés com toda crueldade que merece. Mas se você, por esforço e aptidão, conseguir passar o umbral da entrada, será premiado com a benevolência dos confrades.
Márcio Grings o estará esperando na ante-sala enfumaçada, com os pés sobre a mesa, trinando a gaita de boca, ou sorvendo um gole de Bourbon, reclamando do cheiro de fritura, do calor, do governo, de tudo. E, com os ouvidos empapados de blues e rock’n’ roll, você encontrará Paulo Chagas debochando da mesmice e, sem a menor compaixão, pisoteando a pieguice, esfolando todos os estereótipos figurativos a pontaços de nanquim.
Então o Clube estará escancarado, ventilando acidez, ironia, desconfiança e todos os apetrechos linguísticos que varrem para fora as frases prontas e as ideias pré-concebidas. Os Descontentes não aceitam as imposições da hegemonia. São dissidentes radicais. E, arrancando os anteolhos da docilidade, afirmam o direito à crítica, ao desconforto, à esculhambação do que merece ser esculhambado.
Mas não se iluda. Há delicadeza e refinamento na aspereza da vida.
E amor, e sexo, e camaradagem. E tiradas inusitadas, e achados literários. Comece a folhear as páginas, mas pise firme. E não olhe para trás. O Clube dos Descontentes não tem porta de saída.
Por Marcelo Canellas.
Leia também a resenha de Aguinaldo Severino no blog Livros Que Li.
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