Márcio Grings, poeta na periferia da periferia desse capitalismo truculento e sedutor, internalizou todos esse ritmos que vem da contracultura, deixou que o melhor do rock borbulhasse em suas veias, plugou-se na imagética dos beats e botou pra quebrar. Isto é, escreveu versos.
Fez isso em inglês, tal é sua fissura com a dicção da poesia norte-americana – e também em português, encontrando nessa última língua um modo de ser fiel a sua matriz underground. Nesse sentido, Grings filiou-se a geração dos poetas marginais brasileiros que surgem nos anos 70 e criam uma poética que expressa essa nova sensibilidade feita de sexo, drogas e rock’n’roll.
Márcio Grings está nessa estrada com voz própria. Seus poemas tem swing sedutor. São poemas ágeis que tematizam o mergulho de uma voz lírica no mundo – mergulho no corpo das mulheres, especialmente, e também na coreografia das cidades, no vazio inevitável da existência – e revelam alguma pressa e inquietude. E, para não se perder por aí, o poeta também aponta uma trilha possível (para si próprio e para os outros): pise/beba/encontre/voe, saia da linha. A liberdade é meu regato, ele escreve. A liberdade é o mar do nosso desejo, proclamo.
Vitor Biasoli
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